Como a temperatura afeta as apostas no baseball

Como a temperatura afeta as apostas no baseball

Já chegamos na pós-temporada. Os dez melhores times da liga estão nos playoffs disputando o título no outono norte-americano. Como já é algo sabido, a pós-temporada do beisebol é disputada no frio e diferente do que os jogadores estão acostumados durante boa parte do ano. Todo mundo de casaco em New York, jogadores com roupas internas de lã e tudo mais. Mas o quanto isso é algo que realmente afeta o jogo em si?

”O tempo pode afetar em todo aspecto do jogo” diz Mike Collins, treinador da Universidade de Bloomberg. Você provavelmente já praticou algum esporte em que, realmente, atuar no frio fez a diferença negativamente. Tendemos a nos movimentar mais para ficar aquecido, qualquer contato dói mais e não sentimos as extremidades do corpo. Tudo isso é comprovado cientificamente no beisebol.

A média de temperatura na temporada regular é de 23,8 graus (usando celsius como padrão), o que é o recomendado para jogar beisebol nas melhores condições. No entanto, durante a pós-temporada, há jogos em que a temperatura reduz a 3,3 graus.

Em pesquisa feita pelo Sport Science, no tempo frio para manter a temperatura do corpo ideal, 36,6 graus, o sistema cardiovascular direciona o fluxo maior de sangue para os órgãos vitais, assim deixando as mãos e pés mais expostos ao frio e com menor articulação. E são justamente as duas partes do corpo mais essenciais para o beisebol – para rebatedor, arremessador, catcher, enfim, tudo depende das mãos e pés para o jogador conseguir um bom desempenho. Isso chega a reduzir a aderência das extremidades em até 50% da força – algo bem considerável.

Além do mais, como o sangue fica direcionado para os órgãos vitais, leva cerca do dobro do tempo para o corpo estimular a uma reação física. Isso ajuda a explicar porque desde 2010, em jogos de 7 graus ou menos, a média no bastão tende a ser consideravelmente menor – de 25,8% para 23,1%.

Segundo Vincent Key, membro do departamento físico dos Royals, uma diferença considerável também existe em relação aos corredores em base. Para ele, a temperatura fria afeta a decisão de um corredor em tentar esticar uma rebatida simples para dupla ou de correr da segunda base para o home plate. No inverno, os jogadores precisam aquecer em até 25%-30% a mais do que em situações normais e precisam manter trabalho constante de movimentação enquanto estão no banco de reservas.

A temperatura não afeta só a produtividade do corpo humano no beisebol. Fatores externos também são relevantes. No frio, as moléculas se juntam, tornando a bola mais densa e reduzindo a velocidade do impacto da rebatida em até 4%. Quantas vezes não vimos um home run sendo decidido por um metro ou dois? Isso pode fazer a diferença.

A mesma lógica se traduz nas moléculas do ar. Quando está frio, elas se juntam e o ar fica mais denso e pesado. Isso faz com que se crie uma ”barreira” natural mais firme para a bola ultrapassar do que em temperaturas normais, naturalmente diminuindo a velocidade de sua viagem até o campo externo.

Os fatores externos do tempo significam que, numa diferença de temperatura entre 21,1 graus para 15,5 graus, a viagem da bola diminui em até quase um metro. A mesma rebatida num home run em abril pode se traduzir em fly ball em outubro.

As últimas temporadas mostram isso. Durante a primeira metade do ano passado, por exemplo, os times rebateram média de 84,1 home runs. Na segunda metade da temporada, os times rebateram uma média de 55,3 home runs. Não é coincidência que os primeiros meses são disputados no clima quente, enquanto a temperatura cai no final.

E o que tudo isso se reflete diretamente nas apostas? Um exemplo claro está na última temporada, quando o ERA médio da liga na temporada regular foi de 3,74. A partir das finais de conferência, que aconteceu no dia 10 de outubro e quando o ano de 2014 passou a registrar as menores temperaturas nos Estados Unidos, o under começou a chegar. Das duas séries de final de liga até a World Series, a média de ERA foi de 3,12 – ou seja, bem menor do que a média da campanha regular.

A interferência do tempo no beisebol é mais uma das coisas que tornam o jogo tão difícil de ser desvendado. É quase uma nova realidade jogar no frio de outubro, e os jogadores precisam se adaptar a tal. Com as linhas de menos 7,5 corridas ou algo parecido com isso, é sempre bom olhar com mais carinho para a produção dos arremessadores.

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